O devaneio, a ludicidade a flexibilidade são meios que se ramificam no campo da
imaginaçãoe da criação artística. A ação transformadora, em que se cria um
novo ser vivente
no mundo poético, liga a memória do criador e sua capacidade de reagir através de atos e de
matéria.
É através disso que realizei essas pinturas que tem as
enxadas como matriz e que ultrapassa de sua condição formal.
A sobreposição com o giz de cera é um processo bastante explorado onde a memória
e a infância surge como matéria poética. A temática faz pensar em uma
abordagem social que dialoga o universo da arte e a preocupação com o mundo
agrícola.
Este procedimento de dobrar os objetos, faz com que estes
adquiram uma extensão filosófica no qual podemos ver o que se perde e o que se
acrescenta a determinada coisa. Elas escavam criam lacunas no território
imaginário. Por serem sonhos se dobram sobre se mesmo. Causam cisões no olhar. Dão pancadas. Enxadadas.
O fato de ser apenas uma ferramenta e não o dono da
ferramenta não se elimina a possibilidade de as pessoas verem este ser humano. Pois um objeto orgânico é um objeto humanizado,
sentimentalizado e sensível, e portanto, é capaz de mexer com as percepções, de
tocar e ser tocado, ver e ser visto. Se
o ato de ver esta ligado ao de sentir aqueles restos de corpos largados às
traças e redobrados sobre se mesmo podem sim exercer violências para os
sentidos e escavar sentimentos nas experiências de cada um.
Flexibilidades esvoasante
Situações
Duas enxadas dançando
Duas enxadas exposta ao vento
Ferrugens I
Ferrugens II
Ferrugens III
Situações III